No Amazonas, cumpridores da Lei Maria da Penha têm acompanhamento psicológico como forma de reeducação

Estado foi o primeiro do país a oferecer o serviço

 

Com o objetivo de reeducar e trazer reflexão a homens e mulheres que praticam atos ofensivos à integridade de suas companheiras, o Governo do Amazonas, por meio da Secretaria de Estado de Justiça, Direitos Humanos e Cidadania (Sejusc), realiza o acompanhamento psicossocial de cumpridores da Lei Maria da Penha.

 

Durante o programa, os cumpridores da medida participam de rodas de conversa com a presença de psicólogos do Serviço de Atendimento, Responsabilização e Educação ao Agressor (Sare), que aplicam um questionário de coleta informações básicas sobre o perfil do homem atendido, realizam atividades em grupo a cada 15 dias e, durante as dinâmicas, captam informações relevantes para o tratamento.

 

De acordo com a titular da Sejusc, Caroline Braz, a medida é uma das diversas formas de enfrentamento à violência de gênero. “O intuito do serviço é solucionar a causa do problema. Tratar o agressor é proteger futuras vítimas, as suas famílias, e, de uma maneira geral, toda a sociedade”, afirma a secretária.

 

Caroline destaca que, dos 14 homens atendidos pela Sejusc no mês de fevereiro deste ano, quatro participaram de forma espontânea.

 

“Durante a conversa em grupo, nossa equipe dialoga sobre a história de cada um, que passa a conhecer a história do outro e refletir sobre isso”, comenta a titular da Sejusc. “A equipe oferece suporte para tratar a causa do problema e, alguns terminam o cumprimento da medida, mas continuam a participar das reuniões como uma forma obter mais conhecimento”.

 

Transformação – O funcionário público André Soares, que há mais de quatro meses participa das reuniões realizadas pela Sejusc, conta que, ao ouvir outras histórias, passou a modificar seus hábitos familiares.

 

“Quando eu cheguei aqui, sentia muita raiva por ter agredido minha ex-mulher e por tudo o que tinha acontecido. À medida que as reuniões foram realizadas, eu passei a aprender mais com as histórias que os outros contavam e fui observando, a cada relato, maneiras pelas quais poderia melhorar meu comportamento, e eu fui aplicando em casa”, lembra o funcionário público.

 

“Foram atitudes simples, mas que começaram a fazer a diferença no meu dia a dia, como oferecer mais atenção aos filhos, com atividades como levar para tomar um sorvete, ou dizer ‘eu te amo’ para minha mãe. Minha relação com meus pais era distante e, após o acompanhamento, passei a ser mais gentil e paciente, tanto em casa como também no trabalho e com os vizinhos. É libertador”.

 

Pioneirismo – A Sejusc foi o primeiro órgão do País a lançar o Serviço de Atendimento, Responsabilização e Educação ao Agressor, no ano de 2012. A criação do Sare atende ao Artigo 45 da Lei Maria da Penha, que prevê a obrigatoriedade do comparecimento do agressor aos programas de reeducação. O objetivo é promover atividades pedagógicas, educativas e terapêuticas realizando o acompanhamento de agressores.