População em situação de rua ganha novas perspectivas em abrigo emergencial

Equipes do abrigo conseguiram retirar pessoas da situação de rua e proporcionar recomeços

Fotos: Raine Luiz/Sejusc

 

Muitas histórias ocorrem antes de uma pessoa caminhar até a situação de rua. Às vezes, a motivação é algum problema familiar, o consumo de drogas ou desemprego. Em pouco mais de duas semanas desde a abertura do abrigo emergencial, voltado a essa população, as equipes técnicas do Governo do Amazonas, que atuam no espaço com 109 abrigados na zona centro-oeste, conseguiram promover uma verdadeira mudança na vida de três acolhidos.

 

Com problemas de saúde, entre eles uma hérnia inguinal, um idoso de 62 anos encontrou no local um novo horizonte e perspectivas. Por meio do trabalho da equipe social da Secretaria de Justiça, Direitos Humanos e Cidadania (Sejusc), pasta à frente da coordenação do abrigo, foi articulada uma vaga para ele na Fraternidade dos Amigos e Irmãos da Caridade (Faic), na zona centro-sul de Manaus, que desenvolve um trabalho de longa permanência para idosos em situação de rua que se encontram debilitados.

 

Acompanhado das secretárias Mirtes Salles, titular da Sejusc; Franciane Alves, de Políticas para Pessoa Idosa; e France Mendes, de Direitos Humanos, o idoso disse estar feliz por sair da situação de rua, que vivenciou por cerca de cinco anos, e encontrar um lar.

 

“O nosso trabalho não é só abrigar temporariamente, na realidade nós estamos ouvindo cada caso, cada situação, e o nosso atendimento social escuta os relatos das pessoas que estão passando pelo abrigo e descobrimos qual o desejo e o problema de cada uma. Nós tivemos, o idoso que hoje [última sexta-feira] está sendo abrigado definitivamente; encaminhamos uma mulher que teve filho para ser abrigada junto com a criança; e um homem que trouxemos de volta para o seio familiar”, disse Mirtes Salles.

 

Família e nascimento – Sobre a história da grávida mencionada pela secretária, as equipes da Sejusc, por meio da Gerência de Políticas à População de Rua, e da Secretaria Municipal da Mulher, Assistência Social e Cidadania (Semasc), estavam desde o final de 2020 acompanhando o caso da mulher em situação de rua, juntamente com o companheiro.

 

Ao entrarem no abrigo emergencial, passando por toda a triagem de segurança contra a Covid-19, os assistentes sociais ajudaram no trabalho de parto e a levaram para a Maternidade Alvorada, zona centro-oeste, onde nasceu a criança do sexo masculino.

 

Após receber alta, a mulher e o companheiro foram encaminhados para a Casa do Migrante Jacamim, zona centro-sul, espaço coordenado pela Secretaria de Estado de Assistência Social (Seas) que conta com acolhimento imediato e emergencial.

 

De volta – Um jovem de 20 anos em situação de rua também reencontrou no abrigo emergencial um novo recomeço, após passar alguns anos lutando contra a dependência química. No local, administrado pela Sejusc, ele pediu para retirar documentos básicos e para a equipe social lhe ajudar a ter um novo contato com seus familiares. Ao reencontrar a mãe e outros parentes, ele se emocionou e foi recebido de volta em seu lar.

 

O gerente de Políticas à População em Situação de Rua, Edney de Souza, explicou que o trabalho realizado no abrigo é de suma relevância para a sociedade, e o objetivo é proporcionar mecanismos que gerem mais dignidade, saúde e o fim da vulnerabilidade social.

 

“A Sejusc, com o abrigo emergencial, proporciona a essas pessoas mais qualidade de vida, não só algo físico, mas também de saúde mental, de saúde propriamente dita, de empoderamento, com palestras de cunho social e educativo. Munimos essas pessoas de informações, além de facilitar e viabilizar o acesso aos direitos que elas têm. Apesar da situação de rua, elas precisam ter os direitos garantidos e fazemos isso enquanto Sejusc”, garantiu Edney.

 

O abrigo emergencial temporário é um espaço de assistência, mas também de confraternização, com as atividades de Organizações da Sociedade Civil (OSCs), secretariais municipais e estaduais parceiras; de relembrar histórias, com as rodas de conversa e palestras; e, principalmente, de respeito por esse público que busca uma mudança de vida.