Os 40 anos do Dagmar Feitoza: egresso fala de mudança de vida após ressocialização na instituição
Unidade atua com audiências concentradas e programa de recuperação de adolescentes em conflito com lei
O universitário Elenildo de Melo, de 21 anos, tem uma vida bem diferente de quando chegou em Manaus. Em 2016, ele veio de Guajará (a 1.476 quilômetros da capital) para cumprir pena no Centro Socioeducativo Assistente Social Dagmar Feitoza e acabou conhecendo políticas que mudaram sua vida e garantiram um futuro melhor.
A rotina dos internos da unidade é organizada para atender o que é preconizado pelo Estatuto da Criança e Adolescente (ECA), como receber escolarização e profissionalização; e realizar atividades culturais, esportivas e de lazer.
Foi nesse ambiente que Elenildo aprendeu a horticultura, informática básica, panificação e barbearia. Além disso, concluiu o Ensino Médio e se preparou para o vestibular. Depois de cumprir pena, ele teve a oferta de trabalho na própria unidade e agora trabalha como auxiliar de almoxarifado.
“Em agosto de 2019, o seu Antônio [Juracy diretor da unidade] me perguntou se eu queria trabalhar e mudar de vida mesmo e que quando eu completasse 18 anos eu poderia trabalhar. No momento eu pensei que fosse brincadeira dele, mas quando ele falou veio um sorriso no rosto”, relembra Elenildo.
“O Dagmar Feitoza para mim é mudança de vida, ele dá direção para não errar no caminho e na vida. Hoje eu me vejo como um jovem de superação. Eu não falava como eu estou falando agora, eu fui aprendendo e aperfeiçoando. Quando tinha atendimento, iam me orientando como é a forma que a pessoa pode reagir, que é cabeça erguida, respeitar o próximo e sempre ser humilde “, detalha o jovem.
Ressocialização
Cìdia Santos, assistente social do CSAS Dagmar Feitoza, explica que a mudança de cultura na unidade veio, principalmente, com o programa Teens ao Máximo, que funciona em nove eixos: Ressignificando minha Cidadania; Dagmar na Escola; Saúde Legal; Sonhadores da Liberdade; Grupo de Orientação Familiar; Jovens Falcões; Setor Primário, e Setor Tecnológico.
“O programa foi criado aqui no Dagmar Feitoza e ele vem com a visão de olhar o sujeito e não o ato. A partir do momento que você olha para o adolescente como alguém em formação que precisa de oportunidades, isso muda a vida dele, porque ele tem todos os direitos garantidos”, exemplifica.
O programa tem quatro fases e os adolescentes vão avançando conforme avaliação de desempenho da equipe psicossocial. A cada fase eles recebem benefícios, como mudar para dormitórios com tv, até chegar na fase quatro, que simula um apartamento, estimulando a independência para quando ele sair do socioeducativo.
Para Cídia, o trabalho realizado no socioeducativo mostra que o centro é um local de oportunidades.
“Eu fico muito gratificada em fazer parte de um momento histórico, porque o socioeducativo do Amazonas é referência para o Brasil. Aqui pode ser o último grito de socorro de um adolescente. Outro dia conversei com um rapaz sobre o futuro e ele chorou muito dizendo que ninguém nunca tinha perguntado sobre isso a ele, então estamos sendo agentes de transformação”, comemora a assistente social.
Fotos: Lincoln Ferreira/Sejusc